O Eu Desancorado: Projeção Astral em Perspectiva Filosófica

Desde os primórdios da civilização, a humanidade tem sido assombrada por uma questão fundamental: somos nós apenas o corpo que habitamos? A intuição de que a consciência transcende a carne é um tema recorrente em diversas mitologias, religiões e tradições esotéricas.

No cerne dessa intuição, encontramos o fenômeno da projeção astral, a experiência de um “eu” desancorado, que se percebe lúcido e ativo fora dos limites do corpo físico. Longe de ser uma mera curiosidade paranormal, a projeção astral, quando examinada sob uma lente filosófica, emerge como um catalisador poderoso, forçando-nos a reavaliar as nossas mais profundas concepções sobre a consciência, a identidade e a própria textura da realidade.

O primeiro pilar filosófico que a experiência projetiva abala é o do materialismo reducionista. A visão predominante na ciência moderna postula que a consciência é um epifenômeno, um subproduto complexo de processos neuroquímicos no cérebro. Nesta ótica, a mente é o que o cérebro faz.

No entanto, o relato de um projetor astral que observa o seu próprio corpo inerte, enquanto viaja por outros ambientes com clareza de pensamento e percepção, apresenta um desafio direto a este paradigma.

Este fenômeno ecoa o “problema mente-corpo” de Descartes, mas de uma forma experiencial e não apenas teórica. Se a consciência pode operar de forma independente do cérebro, então ela não pode ser meramente um produto dele. Isto sugere que a consciência pode ser uma entidade mais fundamental, talvez um campo ou uma propriedade intrínseca ao universo, que o cérebro serve para sintonizar ou filtrar, em vez de gerar. A projeção astral, neste sentido, é um ato de rebelião empírica contra a tirania da matéria sobre o espírito.

Para além da natureza da consciência, a projeção astral redefine radicalmente o conceito do “eu”. A identidade, na psicologia ocidental, está frequentemente ancorada na biografia pessoal, nas memórias e no corpo físico. A experiência fora do corpo dissolve estas âncoras. O projetor descobre um eu que existe para além da sua identidade social e física; um eu que é, em essência, pura consciência em movimento.

Esta descoberta leva a uma compreensão mais vasta e multifacetada da identidade humana. Deixamos de ser uma entidade monolítica para nos tornarmos seres multidimensionais, compostos por diferentes “veículos” ou corpos de manifestação, como o físico, o astral e o mental. Esta visão fragmenta o ego, mas unifica o ser. Ao perceber que o “eu” físico é apenas uma das muitas expressões possíveis da nossa consciência, abrimo-nos a uma identidade mais vasta, cósmica e interligada com o todo.

Consequentemente, a nossa concepção de “realidade” também se expande. Se é possível viajar para outros planos de existência, então o mundo físico, que tomamos como a totalidade da realidade, revela-se ser apenas uma fatia de um espectro muito mais amplo. A projeção astral sugere que a realidade é estratificada, composta por múltiplas dimensões com as suas próprias leis, habitantes e paisagens.

O real deixa de ser um monólito objetivo e torna-se um pluriverso vibracional. Esta perspetiva não invalida a importância do mundo físico, mas contextualiza-o. A vida na Terra torna-se uma experiência de aprendizagem específica, dentro de um contínuo de existência muito mais vasto. A filosofia é então confrontada com novas questões metafísicas: qual é a relação entre estas diferentes dimensões? Como é que as nossas ações num plano afetam os outros?

É aqui que a projeção astral introduz uma dimensão ética crucial: a cosmoética. Se as nossas ações não se limitam ao plano físico, a nossa responsabilidade moral também se expande. A ética tradicional, focada nas interações humanas, torna-se insuficiente. A cosmoética, ou ética cósmica, propõe que as nossas intenções, pensamentos e ações têm um impacto vibracional que reverbera através das dimensões.

Ajudar um espírito necessitado num plano extrafísico torna-se um ato moralmente tão relevante como ajudar uma pessoa na rua. Esta ética universalista promove um profundo respeito por todas as formas de vida e consciência, encarnadas ou não. O objetivo último do desenvolvimento humano não é apenas o sucesso material ou a felicidade pessoal, mas tornar-se um agente consciente e benevolente no cosmos.

Esta exploração filosófica naturalmente levanta uma questão prática: como se pode buscar essa experiência transformadora? Embora o caminho seja individual, existem métodos e técnicas consolidadas que servem como um ponto de partida para o explorador da consciência. A seguir, apresenta-se uma das abordagens mais clássicas e estruturadas.

Uma Técnica Prática para a Exploração Consciente

Este método se baseia em guiar o corpo ao sono, mantendo a mente desperta, para então iniciar a separação do corpo astral (ou psicossoma).

  • Fase 1: Preparação e Relaxamento Profundo: Deitado confortavelmente de costas, em um ambiente silencioso e escuro, realize um relaxamento progressivo. Comece focando nos pés e suba lentamente, liberando toda a tensão muscular de cada parte do corpo até a cabeça. A respiração deve ser lenta e profunda. O objetivo é “desligar” os sinais do corpo físico.
  • Fase 2: Aprofundamento e Estado Hipnagógico: Com o corpo inerte, acalme a mente. Foque na escuridão atrás de suas pálpebras fechadas, observando passivamente. Você entrará no estado hipnagógico, a fronteira entre a vigília e o sono, marcado pelo surgimento de imagens, luzes ou sons aleatórios. Este é um sinal crucial de progresso; permaneça calmo e consciente.
  • Fase 3: Indução e Controle do Estado Vibracional: No limiar do sono, você pode começar a perceber uma vibração sutil, como um formigamento ou uma corrente elétrica. Este é o “estado vibracional” (EV), o sinal de que o corpo astral está se desalinhando do físico. Use sua vontade para mentalmente espalhar e intensificar essa vibração por todo o corpo, como uma onda de energia. Não tema essa sensação; ela é o catalisador para a projeção.
  • Fase 4: A Separação Consciente: Com as vibrações intensas, use uma intenção sutil para se separar. Imagine-se flutuando para cima, em direção ao teto. Ou, sem mover os músculos, imagine a sensação de rolar para o lado e sair da cama. Outra abordagem eficaz é a “técnica da corda”: visualize uma corda pendurada acima de você e, usando apenas a intenção dos seus “braços astrais”, puxe-se para cima, transferindo sua consciência para fora do corpo físico.

A prática diligente de tal técnica transcende o mero exercício e torna-se uma forma de meditação ativa sobre a natureza da própria consciência.

Afinal, a projeção astral é muito mais do que uma viagem exótica fora do corpo. É uma jornada filosófica ao coração do que significa ser consciente. Ela desafia-nos a transcender o dogma materialista, a expandir a nossa identidade para além do ego, a reconhecer a natureza multidimensional da realidade e a adotar uma ética de responsabilidade universal.

O verdadeiro valor da projeção não reside no espetáculo do fenômeno em si, mas na profunda transformação paradigmática que ela provoca. Ao experimentar a liberdade da consciência desancorada, o ser humano não apenas explora novos mundos, mas, mais importante, descobre que ele próprio é o território mais vasto e misterioso a ser explorado.

Referências:

BORGES, Wagner. Viagem espiritual: a projeção da consciência / Nova Petrópolis : Luz da Serra, 2017.

A técnica prática descrita (“Uma Técnica Prática para a Exploração Consciente”) é uma síntese de métodos clássicos, consolidados e popularizados por pioneiros da projeção astral, notadamente Robert A. Monroe em sua obra seminal Viagens Fora do Corpo, e desenvolvida por outros pesquisadores como Robert Bruce, que detalhou abordagens como a “técnica da corda”

Viagem espiritual: A projeção da consciência

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